TEA e fogos de artifício: preparando a criança para o som

Criança tampando os ouvidos enquanto observa fogos de artifício ao fundo, demonstrando desconforto com o barulho intenso.

Os fogos de artifício fazem parte das celebrações de fim de ano e de diversos eventos culturais no Brasil, marcando momentos de alegria e tradição. No entanto, para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), esses sons intensos podem representar muito mais do que uma simples comemoração. Pois, a imprevisibilidade dos estampidos e a magnitude do ruído costumam gerar medo, insegurança e forte desconforto.

A hipersensibilidade auditiva é uma característica comum em parte das pessoas com TEA e faz com que sons cotidianos sejam percebidos de maneira ampliada. E, durante a queima de fogos, essa sensibilidade pode desencadear sobrecarga sensorial, levando a crises de irritabilidade, choro, ansiedade ou comportamentos desorganizados. Mas, esse impacto não se limita apenas à audição, luzes intensas ou múltiplos estímulos simultâneos também podem aumentar o estresse da criança.

Pensando nisso, este guia traz orientações práticas para ajudar crianças, também vamos falar sobre hipersensibilidade, sinais de sobrecarga e estratégias recomendadas para minimizar o impacto dos sons. Com informação e planejamento, é possível tornar essas celebrações mais seguras, previsíveis e acolhedoras para todos.

O que é hipersensibilidade sensorial no TEA?

As alterações no processamento sensorial fazem parte das particularidades presentes em muitas pessoas com TEA e influenciam diretamente a forma como o cérebro organiza, interpreta e responde aos estímulos do ambiente. E, quando esse processamento não ocorre de maneira equilibrada, os estímulos podem ser percebidos como intensos demais ou insuficientes, o que gera desconforto, insegurança e dificuldade de autorregulação. Essa diferença na forma de perceber o mundo não é um problema de comportamento, mas sim uma característica neurológica que merece atenção e compreensão.

menino tapando os ouvidos, fundo azul sólido

Entre essas alterações, a hipersensibilidade ocorre quando estímulos comuns do cotidiano, como barulhos, luzes, cheiros ou texturas, são sentidos de forma amplificada. Para uma criança com TEA, sons considerados toleráveis para a maioria das pessoas podem causar dor, susto ou sensação de ameaça. Essa experiência impacta diretamente a rotina, as interações sociais e o bem-estar emocional.

Ademais, no caso da audição, que é um dos sentidos mais frequentemente afetados, ruídos simples podem ganhar proporções muito maiores. Uma panela caindo no chão, um cachorro latindo ou mesmo a campainha podem desencadear reações de pânico, choro ou desorganização emocional. Essa percepção ampliada dificulta a autorregulação e aumenta a chance de crises sensoriais, especialmente em ambientes onde os sons são repentinos e incontroláveis, como acontece com os fogos de artifício.

Estudos indicam que até 80% das crianças com TEA apresentam algum grau de alteração sensorial, evidenciando a importância de reconhecer e respeitar essas particularidades. E, entender o funcionamento sensorial é o primeiro passo para identificar sinais de desconforto e implementar estratégias que ajudem a criança a lidar com o ambiente.

Entenda o motivo dos fogos de artifícios serem desconfortáveis

Como sabemos, fogos de artifício produzem sons abruptos, intensos e sem padrão definido, o que representa uma grande dificuldade para crianças com hipersensibilidade auditiva. Pois, a imprevisibilidade gera sensação de ameaça e desorientação, especialmente durante as festas de fim de ano, quando as sequências de fogos costumam durar vários minutos. Para crianças com TEA, lidar com estímulos tão intensos em um período contínuo pode facilmente desencadear crises sensoriais.

Fogos de artifício estourando intensamente no céu, formando padrões amplos e luminosos durante uma celebração.

Além da intensidade sonora, muitas crianças têm dificuldade para compreender o contexto social dessas comemorações. Sendo assim, podem enfrentar desafios na interpretação do motivo dos fogos acontecerem, o que faz com que o barulho inesperado pareça ainda mais assustador, reforçando a sensação de insegurança.

Outro fator que torna a experiência ainda mais desconfortável é o acúmulo de estímulos visuais. Fogos de artifício produzem flashes fortes, mudanças rápidas de luz e contrastes intensos que podem causar incômodo adicional para crianças sensíveis à luminosidade. Nesses casos, o impacto ocorre simultaneamente na audição e na visão, intensificando a sobrecarga sensorial.

Para algumas pessoas com TEA, a experiência é descrita como se todos os sons do ambiente chegassem ao mesmo tempo, sem filtragem. E, como vimos anteriormente, sem conseguir priorizar o que é relevante, o cérebro entra em estado de alerta máximo, elevando o nível de estresse e dificultando a autorregulação.

Por que é importante avisar a criança previamente?

Para muitas crianças com TEA, o maior desafio relacionado aos fogos não é apenas o volume dos estampidos, mas a imprevisibilidade com que acontecem. Quando a criança não sabe o que vai ocorrer, o cérebro interpreta o som súbito como uma ameaça, o que aumenta o estado de alerta e desencadeia medo, desorganização emocional e sensação de perda de controle. Por isso, avisar previamente sobre a presença dos fogos ajuda a reduzir o impacto da surpresa e oferece ao cérebro tempo para se preparar para aquele estímulo.

Quando os cuidadores explicam com antecedência o que irá acontecer, a criança começa a construir uma imagem mental da situação. Esse processo, chamado de previsibilidade, diminui a ansiedade porque transforma um evento desconhecido em algo mais compreensível e estruturado. A antecipação também permite que ela saiba o que esperar, como será o ambiente e quanto tempo o barulho deve durar, o que diminui significativamente a sensação de ameaça.

Mãe conversando e confortando uma menina que parece assustada, sentadas no sofá em um ambiente doméstico.

Além disso, explicar previamente com vídeos curtos, histórias visuais ou uma conversa simples, ajuda a contextualizar o som, dando significado a ele. Quando a criança compreende que os fogos fazem parte de uma celebração e que não representam perigo, ela tende a se sentir mais segura. Essa compreensão reduz a intensidade da reação emocional e facilita o uso de estratégias de regulação, como respirar fundo, buscar apoio no cuidador ou se deslocar para um ambiente mais confortável.

Como identificar sinais de desconforto e sobrecarga sensorial?

A resposta a estímulos intensos varia bastante entre indivíduos, porém existem sinais recorrentes que ajudam a identificar quando uma criança com TEA está começando a se sentir sobrecarregada. Nesses momentos, o corpo reage antes mesmo que a criança consiga expressar verbalmente o que está sentindo, e observar esses sinais é fundamental para intervir de forma acolhedora e preventiva. Alguns desses sinais incluem:

  • Tapar os ouvidos com força;
  • Choro intenso ou gritos;
  • Aumento de movimentos repetitivos;
  • Tentativas de fuga;
  • Agitação motora;
  • Agressividade;
  • Irritabilidade súbita;
  • Confusão, medo ou pânico;
  • Recusa ao toque.

Reconhecer esses sinais precocemente ajuda a família a intervir antes que a crise se intensifique e a oferecer suporte de maneira mais eficaz. Pois, mesmo com preparo antecipado, crises podem ocorrer, e nesses momentos a postura do adulto faz toda a diferença.

Manter a calma, permanecer por perto sem forçar contato físico, respeitar os limites da criança e oferecer orientações curtas e objetivas contribuem para reduzir o estresse. Pois, a tranquilidade do cuidador atua como um ponto de referência emocional e influencia diretamente na capacidade da criança de se reorganizar. Também é importante permitir que ela se afaste do ambiente caso deseje, preservando sua sensação de segurança.

Estratégias práticas para diminuir o impacto sonoro

Além de identificar sinais de desconforto e sobrecarga sensorial, é importante que a família adote medidas práticas que complementem esse cuidado. Depois de acolher a criança e ajudá-la a se reorganizar, algumas ações simples podem tornar o ambiente mais seguro e previsível durante a queima de fogos.

Criança vista de costas usando um protetor auricular vermelho, protegendo os ouvidos contra ruídos altos.

Essas estratégias funcionam como uma extensão do suporte emocional oferecido pelos cuidadores, ajudando a reduzir estímulos excessivos e oferecendo mais conforto. Confira a seguir:

  • Busque um ambiente mais silencioso: Sempre que possível, escolha locais afastados ou protegidos acusticamente. Dentro de casa, optar por um cômodo interno tende a reduzir a entrada do som externo.
  • Use abafadores de ruído: Abafadores auriculares são aliados importantes na redução da sobrecarga auditiva. Eles funcionam diminuindo a intensidade dos sons e tornando o ambiente mais tolerável. No entanto, é essencial introduzi-los antes da noite da virada, pois algumas crianças podem rejeitar o objeto caso ele seja apresentado apenas no momento de maior estresse.
  • Reduza outros estímulos: A ideia é evitar que o cérebro receba múltiplos estímulos simultâneos. Para isso, a família pode apagar e reduzir as luzes, evitar cheiros fortes e ambientes movimentados, e tirar objetos que façam ruído.
  • Ofereça itens de conforto: A criança pode se sentir mais segura com brinquedos favoritos, almofadas ou mantas. O objetivo é criar uma sensação de acolhimento e segurança.
  • Crie um “espaço do silêncio”: Organize um ambiente tranquilo para ser usado depois dos fogos. Uma sala de descanso ajuda a criança a se reorganizar emocionalmente e recuperar o equilíbrio sensorial.

Como a Atenua Som pode ajudar nesse contexto?

A Atenua Som é especialista em soluções que reduzem ruídos e promovem conforto acústico em ambientes residenciais, oferecendo alternativas eficazes para famílias que desejam criar ambientes mais tranquilos e protegidos para crianças com TEA.

Em situações nas quais os estímulos sonoros podem desencadear desconforto e sobrecarga sensorial, um espaço bem preparado faz toda a diferença no bem-estar da criança, principalmente em períodos como as festas de fim de ano, quando o barulho de fogos é mais intenso.

E, para as famílias que convivem com a hipersensibilidade auditiva no dia a dia, contar com um ambiente acusticamente equilibrado com portas e janelas antirruído, significa reduzir fontes de estresse e proporcionar mais segurança e previsibilidade. Ademais, espaços com isolamento acústico adequado ajudam a minimizar a entrada de sons abruptos, permitindo que a criança tenha um local de acolhimento sensorial sempre disponível.

Vista de fogos de artifício através de uma janela escura, com explosões iluminando o céu noturno.

Por fim, encerrar o ano com fogos de artifício faz parte da tradição de muitas famílias, mas é essencial considerar como esse momento pode impactar crianças com TEA. Ao compreender a hipersensibilidade auditiva, antecipar eventos sonoros e aplicar estratégias práticas de acolhimento, a família transforma um período potencialmente estressante em uma experiência mais segura e previsível.

Ademais, embora essas adaptações cotidianas sejam essenciais, o suporte profissional continua sendo uma parte fundamental desse processo. Especialistas ajudam a identificar o perfil sensorial da criança, orientar a família sobre intervenções adequadas e desenvolver habilidades de autorregulação que fazem diferença no longo prazo. Esse acompanhamento técnico oferece segurança, direcionamento e ferramentas valiosas para enfrentar desafios sensoriais de forma mais leve.

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